sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Maldição Yamada

Continuação do primeiro capítulo...


- Eu disse para ficar do lado de fora, não foi?
- Eu ouvi barulhos e resolvi ver se não precisava de ajuda.
- Não. Já está tudo resolvido agora. Seu ladrão fugiu.
Asashoryu virou as costas e deixou a casa, porém antes de conseguir entrar no carro foi chamado.
- Ei, ei! Policial!
- Eu não sou um policial, lembra? O que você quer?
- Por que fez aquilo?
- Era um Selo. Só o queimei para purificar a casa. Tradição oriental.
- Não precisa mentir para mim. Eu o vi destruindo aquele... gorila?
Um arrepio gelado lhe percorreu a coluna. Pela primeira vez alguém tinha testemunhado seu trabalho.
- Viu? Como assim?
Puxou outro charuto e o acendeu.
- Vi você lutar com ele e depois destruí-lo usando o “selo”.
- Ora, ora. Você precisa dormir um pouco, está delirando.
Entrou no carro e apressou-se em ligá-lo para sair logo dali, mas antes de fugir, a moça abaixou-se na janela.
- Pode fugir, mas eu vou descobrir o que foi aquilo.
Sem olhar para ela, arrancou com o carro. Voltou ao local de onde o havia pegado e o abandonou lá. Tomou o cuidado de verificar se estava sendo seguindo, ou se havia alguém que pudesse vê-lo saindo do carro. Depois seguiu para o habitual bar onde sempre acabavam suas noites, que se localizava a poucas quadras dali.
O bar ficava em uma esquina sombria, e apesar de bem localizado era pouco freqüentado, o que foi crucial para a escolha de Yamada. Era um estabelecimento pequeno, com poucas mesas e um curto balcão. Como de costume, sentou-se em sua mesa aos fundos, mesa que sempre estava reservada.
- Seu whisky, senhor!
- Oh, obrigado, John. – bebeu toda a dose – Pode trazer o próximo sem gelo.
- Noite difícil, chefe?
- Como todas.
John já havia se habituado às poucas palavras e ao jeito rude de Yamada. Já tinha 57 anos, abrira o bar apenas por hobby e o japonês era seu único cliente regular. Desde que não arrumasse confusão e pagasse por suas bebidas, John considerava um amigo.
- Estou um tanto ocupado hoje, então deixarei a garrafa se não se importa.
De traz do jornal, agora aberto, veio a resposta:
- Tudo bem. Pode me conseguir um charuto? Os meus acabaram.
- Devia arrumar uma charuteira maior, ou fumar menos.
O jornal desceu um pouco. O velho já estava seguindo para o balcão:
- Você deveria se preocupar só com o dinheiro que lhe pago por eles.
Depois de entregar o charuto a Yamada, o senhor voltou para seus afazeres atrás do balcão. O bar estava vazio, exceto pelo caçador que agora lia seu jornal em silêncio. Um silêncio que só era quebrado pelo som do copo encontrando a mesa periodicamente.
Alguns minutos se passaram até um pequeno grupo de cinco policiais, liderados pelo Sarg. Smith, entrarem no estabelecimento. Foram direto ao balcão:
- Com licença, senhor, mas procuramos um homem e temos fortes indícios de que ele possa estar aqui.

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