quinta-feira, 17 de junho de 2010

Anne

Aproveitem e boa leitura! Próxima postagem em 19 de julho de 2010.



Caminhou alegremente pela rua durante os vinte minutos que a separavam do único shopping da cidade. Encontrou alguns dos amigos na praça de alimentação. Todos pareciam ainda um pouco magoados com ela, mas depois de alguns minutos de conversa e risadas essa sensação passou. Apesar de confiar em muitos deles, Anne esperava ansiosamente a chegada de July, pois acreditava que só ela ouviria sem desdém sobre os acontecimentos da noite.
Quando esta chegou, levou-a para um canto mais afastado dos outros e contou-lhe tudo. Desde o sonho com o bebê no laboratório até a fada fugitiva, que posteriormente visitou seu quarto revelado ser sua mãe. A primeira reação de July foi verificar se a amiga não estava febril. Depois se sentou um pouco confusa em uma cadeira:
- Anne, eu conheço você há anos e sei que não inventaria uma história maluca dessas, mas tem certeza que tudo não passou de um sonho?
- Eu sei o que foi sonho e o que foi realidade.
- Desculpe, não quis deixa-la irritada. Mas uma fada? Isso me parece um pouco de mais.
- Se não acredita deveria ir dormir na minha casa hoje. Talvez ela reapareça.
Depois do convite aceito que a menina se deu conta que poderia ser ainda pior. Se Vanora não aparecesse, July com certeza acharia que a amiga tinha fantasiado tudo e ela passaria por mentirosa. Ficou pensando nisso durante o caminho de volta para casa.
Depois de fazer uma pequena refeição na cozinha, avisou seus pais sobre a visita de sua amiga e subiu para tomar banho e arrumar seu quarto. A amiga chegou próxima a hora do jantar. Conversaram um pouco no quarto e depois desceram para se juntar à família. Jantaram, conversaram na sala e até viram um filme, todos juntos. Depois seu irmão subiu a muito custo para tomar banho e ir para cama, levado por sua mãe e o pai foi deitar-se em sua cama.
As meninas ficaram mais um pouco na sala para desenharem, passatempo comum as duas. Viram novamente a família apenas para dar-lhes boa noite e esperaram até que a casa ficasse em silêncio para subirem e examinarem o tal livro. As duas vestiram suas roupas de dormir e então pegaram o livro de sua caixa. Ficaram quase uma hora tentando descobrir como funcionava. Anne tentou abraça-lo, chacoalhar, abrir, folhear e mais inúmeras coisas, tanto de luz acesa como apagada, mas nada surtiu efeito.
Depois de mais alguns minutos desistiram e foram dormir. July havia sido compreensiva e tentou animar a amiga que ficara muito abatida e frustrada. Quando estavam quase pegando no sono, um suave ruído lhes chamou atenção. O barulho vinha de baixo da cama e só cessou quando Anne tirou o livro de sua caixa. A mesma luz brilhante da noite anterior começou a surgir no mesmo local.
Anne sentou animada na cama com July assustada ao seu lado. Mais alguns momentos e a bela imagem de Vanora estava em sua frente, porém com uma diferença. Parecia um pouco mais velha e tinha o ombro esquerdo enfaixado devido a um ferimento. Novamente sua voz suave e terna invadiu o quarto como uma leve brisa de primavera:
- Boa noite, minha pequena Lucine. Talvez não tão pequena. Peço que me desculpe pelos erros da mensagem anterior, mas eu realmente esperava que este livro chegasse as suas mãos no seu décimo aniversário, mas pelos meus cálculos você deve estar agora beirando os dezesseis anos. Deve ser uma linda jovem, disto não duvido, mas preocupo-me com a passagem de tanto tempo. Terei menos tempo para lhe por a par de tudo e ensinar-lhe tudo que precisa para que a profecia se cumpra.
Neste ponto um feixe de luz iluminou as costas da fada ao mesmo tempo em que um estrondo interrompeu suas palavras:
- Me perdoe, querida, mas como pôde notar não tenho mais tempo. Entrarei em contato assim que possível e começaremos a deixar tudo mais claro, assim como suas aulas. Por favor, aproxime-se, tenho duas coisas para lhe entregar.
Anne saltou da cama rapidamente e foi até ela. Ao chegar ao seu lado, viu a bela figura tirar uma pena dourada de seu cabelo e entregou-lhe:
- Use esta pena encantada para comunicar-se comigo. Apenas escreva o que deseja em um pergaminho qualquer e termine com o selo de mensagem. Eu receberei seu recado no mesmo instante.
Pegou a pena.
- Deve estar se pergunto o que será o selo de mensagem. Bom isto se responde com meu segundo presente.
Vanora aproximou o rosto da orelha de Anne e recitou um breve encantamento. Como uma porta que se abre, a mente da menina parecia ter sido destrancada. Ao olhar novamente para o livro, conseguiu distinguir os símbolos e até mesmo entende-los. Agora podia ter certeza de que era realmente Lucine, a única filha de Vanora. Só faltava compreender sua missão e porque estava naquele mundo longe de sua mãe.
- Tenho que ir agora, minha filha. Aguardo uma mensagem para ter certeza de que minha missão de hoje teve êxito. Até breve, Lucine.
A fada sumiu do mesmo modo que surgiu. Anne sentou na cama e apanhou o livro. Começou a folheá-lo depressa em busca do que precisava. Parou em uma página logo no começo, onde havia um pequeno círculo, preenchido por mais um menor. Entre eles quatro runas estavam dispostas simbolizando os quatro pontos cardeais. No centro uma runa maior, que agora Anne podia ler como viagem.
July olhava para as ações da amiga assustada, pois esta já se punha em busca de algo que pudesse usar como tinta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário